Festival Planeta Terra (DEVO, Lily Allen, CSS etc)
10/11/2007 - Vila Dos Galpes - So Paulo/SP
Confesso que eu no sabia bem o que esperar do festival Planeta Terra, mas imaginava algo na linha do Claro Q Rock de 2005. Engano meu, o que foi visto na Vila Dos Galpes foi algo muito maior, comparado tranquilamente a um Reading Festival ou a um Coachella, guardadas as devidas propores, claro.
O local escolhido para a realizao do festival era uma espcie de... vila dos galpes mesmo. Uma rea gigantesca com vrios galpes industriais com boa parte das atraes dentro, com excesso do Main Stage, a cu aberto, e com altura e distncia perfeitos para assistir ao show de qualquer ponto do enorme descampado.
O festival Planeta Terra teve toda aquela preocupao ecologicamente correta, ou seja, sem gs carbnico, incentivando a reciclagem, e inclusive na entrada, alm da programao do festival, voc recebia uma espcie de tubo de ensaio reciclado (feio aparentemente a partir de garrafas pet 2 litros, s que bviamente, modelado num tamanho racional) onde voc deveria jogar suas bitucas de cigarro dentro. Genial.
Logo na entrada do festival era clara a grandiosidade do que se veria l dentro, um show de rios laser te davam boas vindas, e no meu caso, um Pato F no palco tambm.
O nico problema de festivais deste tamanho a impossibilidade de voc conseguir assistir a todas as apresentaes, pois ainda humanamente impossvel estar em dois lugares ao mesmo tempo, mas mesmo assim, a gente tenta.
Falando ainda sobre a estrutura, antes de cair nos shows, vale citar: banheiros qumicos limpos, bares e praas de alimentao em diversos pontos, com vrios caixas e funcionrios, vendendo produtos de qualidade por preo honesto, postos mdicos bem localizados, logstica de espao perfeita (ningum se apertava ou se esbarrava tanto nos caminhos quanto nos shows), e algo indito, pontualidade britnica, em todos os palcos.
Atraes
Alm dos shows, o festival ofereceu atraes a parte, que se soam como encheo de lingua, distraem voc e do uma amplitude maior ao evento.
Dentro dos j citados galpes estavam localizadas reas de lounge; um Mercado Mundo Mix com standes de marcas alternativas; espao multimidia com computadores ligados na internet; rea Lambe-Lambe - onde voc imprimia seu cartaz feio no site do evento e poderia cola-lo em QUALQUER rea do festival, pois ao lado de todas as paredes havia um pote de cola para isso; espao da ECOnsciente/Recicleiros, projeto ecolgico que estava atuando no evento; e o espao Terra dividido entre a Terra TV e o Terra SONORA, onde voc podia ficar deitado curtindo um som.
Em suma, as atraes a parte s engradeceram o festival, deixando-o ainda mais com aquele ar de "festival europeu".
Shows
Como dito l em cima, a banda que me recepcionou foi o Pato F, no main stage. O nico show do grupo mineiro que assisti na vida foi em 1996, no Hollywood Rock, ao lado do Smashing Pumpkins, The Cure etc. Desde ento, o conjunto mudou muito, mas o show continua com a mesma pegada divertida, mesclando hits com canes que claramente divertem seus msicos a execut-las. O highlight da apresentao do Pato F, sem dvida, foi o "Ando Meio Desligado" dos Mutantes.
Ao trmino do Pato F, dando uma bela corridinha, dava pra ver o final da apresentao do Tokyo Police Club, conjunto canadense proto-hypado que fez muita gente pular e suar no Indie Stage, este que era indoor, num galpo gigantesco, abrigando bem as bandas "menores" do festival.
O grupo, pra quem no conhece, faz rock alternativo, barulhento e danante, uma espcie de Sonic Youth com Arctic Monkeys (ou quetais). A banda tocou faixas de seu disco "A Lesson In Crime" como "Nature Of The Experiment", "If It Works" e "Citizens Of Tomorrow", esta ltima, recebida com muita empolgao pelos fs do grupo.
Antes de voltar ao Main Stage, uma passadinha pelo Dj Stage, outro palco indoor onde quatro Djs de msica eletrnica (Renato Ratier, Jon Carte, Layo & Bushwackal e Vitalic) se apresentavam. Galpo lotado, msica alta, uma verdadeira rave no meio do festival. Por motivos bvios e de falta-interesse, no retornei mais a este palco.
No palco principal, quem comeava era o Instituto, coletivo criado e comandado pelo trio de produtores Rica Amabis, Tejo Damasceno e Daniel Ganja Man, e que no dia realizou uma faanha memoravl, tocando o grande disco "Racional" do Tim Maia, recebendo vrios convidados (como de costume) para interpretar as msicas. B-Nego, Negra Li e Carlos Daf, comandaram a festa e fizeram toda uma gerao, que conheceu "Racional" via Soulseek, cantar junto o funk-soul de reverncia Cultura Racional. Histrico e memoravl, uma das melhores apresentaes do festival.
Ao mesmo tempo, quem se apresentava no palco Indie era o DataRock, o qual confesso, no vi nem o rastro, tampouco senti o cheiro.
As 22:00 horas em ponto, a inglesa Lily Allen assume o palco, e de forma confessional assume que est 'um pouco bbada', mas nem precisava dizer, ficou claro ao esquecer a letra de vrias msicas.
Lily surpreendeu, com uma banda afinadssima e um som que passeava tranquilamente entre o ska e o pop, causando a mesma sensao de frescor que tive quando assisti ao No doubt em 1997.
Descala, sem seus famosos tnis Nike, a espevitada cantora pululou por todo o palco, abrindo o show com o hit "LDN", e seguiu tocando sons de seu nico lbum, "Alright Still", como "Littlest Things,"Not Big", "Friend of Mine", "Friday Night", os hits "Smile" e "Alfie", alm dos covers "Everybody's Changing" do Keane, "Gangters" do Specials e "Heart Of Glass" Do Blondie.
Este foi o ltimo show da primeira tour de Lily, o que talvez explique o clima to festeiro da menina, mas uma coisa inegavl, a cantora esbanjou carisma e surpreendeu os que pensavam que era to somente uma cantora pop que ficou famosa por causa do MySpace. Lily Allen tem talento de sobra e foi o segundo melhor show internacional da noite.
Ao trmino do show da inglesa, correndo, dava pra pegar ainda o CSS no Indie Stage.
Lovefoxxx, uma das pessoas mais cool do mundo de 2007 segundo a NME estava de volta em casa, e acompanhada dos outros integrantes mostrou em So Paulo o que o mundo todo j viu nos maiores e melhores festivais do planeta. O conjunto evoluiu muito, ganhou experincia e amadureceu, fazendo todos cantarem com seus hits como "Alala", "Meeting Paris Hilton", "I Wanna Be Your J.Lo" e o cover de "Pretend We're Dead" do L7. De alma lavada e com o terceiro (bizarro) figurino da noite, Lovefoxxx encerrou o show com "Let's Make Love (And Listen to Death From Above)", fazendo com que a horda de seguidores da banda fosse loucura, alm de desejar ter conhecido a banda ainda quando tocava nas baladas de So Paulo para poder ve-los sempre.
De volta ao Main Stage, comea a maior aglomerao do festival, punks das antigas dividindo espao com electro-rockers, clubbers 90's, skatistas, indies e todo tipo de malucos em geral, todos esperando a "completa verdade sobre a De-Evolution".
Como de praxe desde 1996, o emocionante video retrospectivo sobre o grupo apareceu no telo, trazendo diversas imagens de videos antigos e introduzindo voc ao mundo esquizofrnico e genial do Devo.
"That's Good" abriu o show, e para quem f, foi quase impossvel segurar as lgrimas. Ver o Devo hoje, senhores de idade avanada vestidos com seus macaces amarelos e chapus vermelhos, to histrico e emocionante quanto o show dos Stooges em 2005, ou os Pistols em 1996, pois ali via-se parte crucial da histria da msica, ao vivo.
A partir dai, sintetizadores e guitarras nos transportaram de volta aos anos 80, e todos os presentes acima de 25 anos finalmente entenderam o porque estavam ali.
"Girl U Want", "Whip It", "Freedom of Choice", "Jocko Homo", "Mongoloid", "(I Can't Get No) Satisfaction", "Secret Agent Man", "Peek-A-Boo!", "Going Under", estava tudo l, executado com perfeio, como se no tivessem passados os anos. Todas as 'surpresas' que normalmente habitam o show da banda apareceram, a troca de roupa, as dancinhas, o jeito robtico em alguns momentos eletrnicos, o sarcasmo e a diverso em primeiro plano, e finalizando com o vocalista Mark fantasiado do personagem Booji-Boy cantando "Beautiful World" e atirando bolinhas fluorescentes para a galera, anunciando a volta do Devo para o planeta de onde vieram.
Aps tantos anos de espera, o pblico brasileiro correspondeu altura, cantando e danando junto, e com punhos em riste lembrando que "We are Devo!". Emocionante.
Aps ver o melhor show de 2007, no festival de rock com melhor estrutura que j vi no Brasil, fui obrigado a ir embora, ainda extasiado, deixando o Rapture (que j estava rolando no Indie Stage para um grande pblico) e o Kasabian, prximas atraes, a ver navios.
Acredite, aps um show do Devo, qualquer outro show seria apenas uma banda de rock tocando.
10/11/2007 - Vila Dos Galpes - So Paulo/SP
Confesso que eu no sabia bem o que esperar do festival Planeta Terra, mas imaginava algo na linha do Claro Q Rock de 2005. Engano meu, o que foi visto na Vila Dos Galpes foi algo muito maior, comparado tranquilamente a um Reading Festival ou a um Coachella, guardadas as devidas propores, claro.
O local escolhido para a realizao do festival era uma espcie de... vila dos galpes mesmo. Uma rea gigantesca com vrios galpes industriais com boa parte das atraes dentro, com excesso do Main Stage, a cu aberto, e com altura e distncia perfeitos para assistir ao show de qualquer ponto do enorme descampado.
O festival Planeta Terra teve toda aquela preocupao ecologicamente correta, ou seja, sem gs carbnico, incentivando a reciclagem, e inclusive na entrada, alm da programao do festival, voc recebia uma espcie de tubo de ensaio reciclado (feio aparentemente a partir de garrafas pet 2 litros, s que bviamente, modelado num tamanho racional) onde voc deveria jogar suas bitucas de cigarro dentro. Genial.
Logo na entrada do festival era clara a grandiosidade do que se veria l dentro, um show de rios laser te davam boas vindas, e no meu caso, um Pato F no palco tambm.
O nico problema de festivais deste tamanho a impossibilidade de voc conseguir assistir a todas as apresentaes, pois ainda humanamente impossvel estar em dois lugares ao mesmo tempo, mas mesmo assim, a gente tenta.
Falando ainda sobre a estrutura, antes de cair nos shows, vale citar: banheiros qumicos limpos, bares e praas de alimentao em diversos pontos, com vrios caixas e funcionrios, vendendo produtos de qualidade por preo honesto, postos mdicos bem localizados, logstica de espao perfeita (ningum se apertava ou se esbarrava tanto nos caminhos quanto nos shows), e algo indito, pontualidade britnica, em todos os palcos.
Atraes
Alm dos shows, o festival ofereceu atraes a parte, que se soam como encheo de lingua, distraem voc e do uma amplitude maior ao evento.
Dentro dos j citados galpes estavam localizadas reas de lounge; um Mercado Mundo Mix com standes de marcas alternativas; espao multimidia com computadores ligados na internet; rea Lambe-Lambe - onde voc imprimia seu cartaz feio no site do evento e poderia cola-lo em QUALQUER rea do festival, pois ao lado de todas as paredes havia um pote de cola para isso; espao da ECOnsciente/Recicleiros, projeto ecolgico que estava atuando no evento; e o espao Terra dividido entre a Terra TV e o Terra SONORA, onde voc podia ficar deitado curtindo um som.
Em suma, as atraes a parte s engradeceram o festival, deixando-o ainda mais com aquele ar de "festival europeu".
Shows
Como dito l em cima, a banda que me recepcionou foi o Pato F, no main stage. O nico show do grupo mineiro que assisti na vida foi em 1996, no Hollywood Rock, ao lado do Smashing Pumpkins, The Cure etc. Desde ento, o conjunto mudou muito, mas o show continua com a mesma pegada divertida, mesclando hits com canes que claramente divertem seus msicos a execut-las. O highlight da apresentao do Pato F, sem dvida, foi o "Ando Meio Desligado" dos Mutantes.
Ao trmino do Pato F, dando uma bela corridinha, dava pra ver o final da apresentao do Tokyo Police Club, conjunto canadense proto-hypado que fez muita gente pular e suar no Indie Stage, este que era indoor, num galpo gigantesco, abrigando bem as bandas "menores" do festival.
O grupo, pra quem no conhece, faz rock alternativo, barulhento e danante, uma espcie de Sonic Youth com Arctic Monkeys (ou quetais). A banda tocou faixas de seu disco "A Lesson In Crime" como "Nature Of The Experiment", "If It Works" e "Citizens Of Tomorrow", esta ltima, recebida com muita empolgao pelos fs do grupo.
Antes de voltar ao Main Stage, uma passadinha pelo Dj Stage, outro palco indoor onde quatro Djs de msica eletrnica (Renato Ratier, Jon Carte, Layo & Bushwackal e Vitalic) se apresentavam. Galpo lotado, msica alta, uma verdadeira rave no meio do festival. Por motivos bvios e de falta-interesse, no retornei mais a este palco.
No palco principal, quem comeava era o Instituto, coletivo criado e comandado pelo trio de produtores Rica Amabis, Tejo Damasceno e Daniel Ganja Man, e que no dia realizou uma faanha memoravl, tocando o grande disco "Racional" do Tim Maia, recebendo vrios convidados (como de costume) para interpretar as msicas. B-Nego, Negra Li e Carlos Daf, comandaram a festa e fizeram toda uma gerao, que conheceu "Racional" via Soulseek, cantar junto o funk-soul de reverncia Cultura Racional. Histrico e memoravl, uma das melhores apresentaes do festival.
Ao mesmo tempo, quem se apresentava no palco Indie era o DataRock, o qual confesso, no vi nem o rastro, tampouco senti o cheiro.
As 22:00 horas em ponto, a inglesa Lily Allen assume o palco, e de forma confessional assume que est 'um pouco bbada', mas nem precisava dizer, ficou claro ao esquecer a letra de vrias msicas.
Lily surpreendeu, com uma banda afinadssima e um som que passeava tranquilamente entre o ska e o pop, causando a mesma sensao de frescor que tive quando assisti ao No doubt em 1997.
Descala, sem seus famosos tnis Nike, a espevitada cantora pululou por todo o palco, abrindo o show com o hit "LDN", e seguiu tocando sons de seu nico lbum, "Alright Still", como "Littlest Things,"Not Big", "Friend of Mine", "Friday Night", os hits "Smile" e "Alfie", alm dos covers "Everybody's Changing" do Keane, "Gangters" do Specials e "Heart Of Glass" Do Blondie.
Este foi o ltimo show da primeira tour de Lily, o que talvez explique o clima to festeiro da menina, mas uma coisa inegavl, a cantora esbanjou carisma e surpreendeu os que pensavam que era to somente uma cantora pop que ficou famosa por causa do MySpace. Lily Allen tem talento de sobra e foi o segundo melhor show internacional da noite.
Ao trmino do show da inglesa, correndo, dava pra pegar ainda o CSS no Indie Stage.
Lovefoxxx, uma das pessoas mais cool do mundo de 2007 segundo a NME estava de volta em casa, e acompanhada dos outros integrantes mostrou em So Paulo o que o mundo todo j viu nos maiores e melhores festivais do planeta. O conjunto evoluiu muito, ganhou experincia e amadureceu, fazendo todos cantarem com seus hits como "Alala", "Meeting Paris Hilton", "I Wanna Be Your J.Lo" e o cover de "Pretend We're Dead" do L7. De alma lavada e com o terceiro (bizarro) figurino da noite, Lovefoxxx encerrou o show com "Let's Make Love (And Listen to Death From Above)", fazendo com que a horda de seguidores da banda fosse loucura, alm de desejar ter conhecido a banda ainda quando tocava nas baladas de So Paulo para poder ve-los sempre.
De volta ao Main Stage, comea a maior aglomerao do festival, punks das antigas dividindo espao com electro-rockers, clubbers 90's, skatistas, indies e todo tipo de malucos em geral, todos esperando a "completa verdade sobre a De-Evolution".
Como de praxe desde 1996, o emocionante video retrospectivo sobre o grupo apareceu no telo, trazendo diversas imagens de videos antigos e introduzindo voc ao mundo esquizofrnico e genial do Devo.
"That's Good" abriu o show, e para quem f, foi quase impossvel segurar as lgrimas. Ver o Devo hoje, senhores de idade avanada vestidos com seus macaces amarelos e chapus vermelhos, to histrico e emocionante quanto o show dos Stooges em 2005, ou os Pistols em 1996, pois ali via-se parte crucial da histria da msica, ao vivo.
A partir dai, sintetizadores e guitarras nos transportaram de volta aos anos 80, e todos os presentes acima de 25 anos finalmente entenderam o porque estavam ali.
"Girl U Want", "Whip It", "Freedom of Choice", "Jocko Homo", "Mongoloid", "(I Can't Get No) Satisfaction", "Secret Agent Man", "Peek-A-Boo!", "Going Under", estava tudo l, executado com perfeio, como se no tivessem passados os anos. Todas as 'surpresas' que normalmente habitam o show da banda apareceram, a troca de roupa, as dancinhas, o jeito robtico em alguns momentos eletrnicos, o sarcasmo e a diverso em primeiro plano, e finalizando com o vocalista Mark fantasiado do personagem Booji-Boy cantando "Beautiful World" e atirando bolinhas fluorescentes para a galera, anunciando a volta do Devo para o planeta de onde vieram.
Aps tantos anos de espera, o pblico brasileiro correspondeu altura, cantando e danando junto, e com punhos em riste lembrando que "We are Devo!". Emocionante.
Aps ver o melhor show de 2007, no festival de rock com melhor estrutura que j vi no Brasil, fui obrigado a ir embora, ainda extasiado, deixando o Rapture (que j estava rolando no Indie Stage para um grande pblico) e o Kasabian, prximas atraes, a ver navios.
Acredite, aps um show do Devo, qualquer outro show seria apenas uma banda de rock tocando.