Ele chegou ao escritório meia hora antes e saiu duas horas depois de todo mundo. Todos os dias.
Ele trabalhou nos sábados e nos domingos. E em todos os feriados.
No carnaval e nas férias, ele corrigiu o projeto dos colegas.
Ele participou proativamente de todas as reuniões semanais, não recusou trabalho extra, nunca atrasou um relatório sequer, sempre esteve focado nos clientes, na concorrência e no mercado.
Ele realizou os doze trabalhos de Hércules, degolou a Medusa, domesticou Pégasos o cavalo alado, cegou o ciclope.
No dia trinta e um de dezembro, ele foi escolhido o funcionário do ano. Da década. Do século.
O Diretor financeiro foi à sua baia, disse meia dúzia de palavras positivas e apertou sua mão. Apertou forte.
Ele, emocionado, deixou escapar uma lágrima.
Oh, felicidade suprema.
No dia primeiro de janeiro, ele chegou ao escritório uma hora antes de todo mundo (ninguém veio, era feriado). E começou tudo de novo.
Nelson de Oliveira